domingo, 17 de abril de 2016

Cada personagem escolhe como será visto pela história

O povo de Pernambuco tem uma tradição marcada por lutas libertárias. Em muitas delas, nossa gente pagou com sua própria vida, por lutar por um mundo livre das amarras impostas por quem tentou nos submeter e o Estado perdeu parcelas importantes do seu território original.

Recentemente lançado, o livro Pernambuco em Chamas de Rubim Santos Leão de Aquino, Francisco Roberval Mendes e André Dutra Boucinhas conta um pouco dessa história forjada em revoltas e revoluções, mostrando que todos os sacrifícios impostos não submeteram nosso espírito nem amainaram nossas ideias.

Face ao momento atualmente vivido pelo Brasil, visito as páginas do livro que narram os fatos do Golpe de 64, ocorridos aqui no Estado.

Na página 303, recorto um texto:

   Ainda na madrugada de 1º de Abril,... nesse mesmo dia, o coronel Sílvio Cahu assumiu o comando da Polícia Militar. 
   Horas depois, Miguel Arraes foi preso, sendo levado para o 14º RI e, posteriormente, para o presídio da ilha de Fernando de Noronha. No dia 2 de abril, chegou a vez de Pelópidas Silveira ser preso.
   Pressionadas pelo Exército, a Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal aprovaram o impeachment do governador e do prefeito, depostos inconstitucionalmente pelos golpistas. 

Nesse breve relato percebe-se que lideranças da estatura de Miguel Arraes e Pelópidas Silveira entraram para a história, pela porta da frente, honrando os respectivos mandatos, conquistados pelo voto popular, sem baixar a cabeça, sem se submeter aos golpistas da época. E hoje ocupam um lugar de destaque na história do País e o respeito das gerações que com eles conviveram e as gerações seguintes os têm como exemplo.

Passados 52 anos desse momento histórico, a democracia brasileira enfrenta novos desafios a testar sua maturidade. O atual momento, de extrema tensão, poderá significar a consolidação dos avanços políticos, econômicos e sociais conquistados nos últimos anos, ou um brutal retrocesso, atingindo principalmente as parcelas mais excluída da população. Pode-se afirmar que a Nação brasileira vive um momento de afirmação da sua cidadania.

Lamentavelmente, sai do Estado de Pernambuco e pasmem, do Partido pelo qual Arraes se elegeu governador do Estado, depois de regressar ao país do exílio imposto pelos golpistas de antanho, os votos de apoio ao golpe que hoje se pretende contra o governo legitimamente eleito da Presidenta Dilma, com, inclusive, 70% dos votos do Estado, no segundo turno das eleições de 2014.

Curioso ressaltar que entre os Deputados Federais do PSB que apoiam o Golpe encontra-se, por estranho que possa parecer, um membro da família do ex-Governador.

O que um dia foi o Partido Socialista Brasileiro, hoje está aliado a um dos maiores opositores do ex-Governador de Pernambuco: Mendonça Filho. Responsável pelas ações judiciais e políticas que inviabilizaram todas as iniciativas de Arraes junto ao Governo FHC para tentar resolver alguns dos problemas do Estado, Mendocinha, como é conhecido, contribuiu para sacrificar ainda mais o povo pernambucano.

Isso sem falar nas alianças espúrias seladas entre os novos integrantes do PSB com o deputado Eduardo Cunha, réu em vários processos no STF, por corrupção e com outros envolvidos em escândalos até o pescoço. É também emblemático o ostensivo apoio ao Golpe dos capitalistas de São Paulo - que sempre nutriram especial aversão ao Nordeste. 

Vale destacar que o governo que estão golpeando tem sido responsável por todas as inciativas após a democratização do país e que mudaram a matriz econômica do Estado de Pernambuco, depois da estagnação vivida no período do governo FHC, com sucessivas quedas na sua principal atividade econômica, a produção, açúcar e álcool. Hoje o Estado produz petroleiro, navio, hemoderivados e óleo diesel. Também vem assistindo importantes mudanças na sua matriz de segurança hídrica, como as obras de transposição do São Francisco, importantes adutoras no sertão, barragens na mata sul e a adutora de Pirapama para mudar a história de abastecimento d'água da Região Metropolitana. Sem contar com o tanto de escolas técnicas e campi das Universidades públicas, casas, saneamento, expansão da agricultura familiar, transnordestina e a viabilização do Complexo de SUAPE.

E assim, esses representantes do PSB do Estado, na votação do golpe contra a Presidenta Dilma: Tadeu Alencar, Fernando Coelho Filho e Danilo Cabral vão se consolidando enquanto golpistas e, por consequência, entrado para a história do Estado e do País pelo lado negativo, ocupado por Joaquim Silvério, Auro de Moura Andrade, e tantos outros que, com a traição, ficaram do lado de quem usurpou a vontade popular. Mais ainda, vão está ao lado daqueles que têm suas raízes fincadas no lado dos que patrocinaram o Golpe que resultou na ditadura civil-militar que mergulhou o país no período mais obscuro da sua história.

Sobre seus ombros será jogada toda a responsabilidade por suas iniciativas de inviabilizar o Brasil e o Estado de Pernambuco.

Por suas escolhas a história não os perdoará. 



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