Logo mais no programa de variedades da TV dos filhos do Roberto Marinho vai ao ar uma matéria para convencê-lo(a) a trabalhar mais uns aninhos antes de se aposentar. E com um argumento simples: como tem menos pessoas trabalhando, logo essas pessoas não conseguem sustentar a previdência pública para pagar as aposentadorias dos trabalhadores que atingem a idade de se aposentar. Por isso será preciso trabalhar mais uns anos para só se aposentar bem velhinho e, assim, tendo pouco tempo de sobrevida, não onerar tanto os trabalhadores da ativa.
Em síntese: Para resolver o deficit da Previdência os trabalhadores terão que morrer trabalhando.
Resta perguntar: Se a cada ano existem mais pessoas no mundo, porque diminui o percentual de pessoas empregadas ou mesmo sua renda?
Resposta básica: porque o objetivo da sociedade capitalista é acumular mais e mais riqueza. Hoje, segundo a OXFAN INTERNACIONAL, apenas 1% da população detém a mesma riqueza dos outros 99%.
Essa concentração decorre em boa parte dos ganhos de produtividade do trabalho, a partir da maior eficiência do processo produtivo que é consequência dos agregados tecnológicos e outros benefícios do conhecimento científico desenvolvido pela humanidade. Aliado a isso há também o aumento da intensidade e ritmo do trabalho, sacrificando aqueles que trabalham. Como esses ganhos, ao longo da história, têm sido apropriados exclusivamente pelos donos do capital, em desfavor dos trabalhadores, resultou nessa brutal concentração de riqueza.
Se predominasse alguma solidariedade, parte dos ganhos de produtividade poderiam ter sido apropriados em termos da redução da jornada de trabalho, por exemplo, para que todos pudessem se dedicar á vida.
Esse processo de acumulação não conhece limites, isso significa que o capital precisará cada vez menos de mão de obra para produzir a mesma quantidade de produtos, o que significará cada vez menos pessoas trabalhando, proporcionalmente ao universo de viventes. Por isso que de tempos em tempos surgem novas tentativas de ampliar os anos de trabalho para não onerar a Previdência, de ampliar a jornada de trabalho, para melhorar a competitividade, cortar direitos e por ai vai.
Voltando ao programa de TV, o argumento da incapacidade dos trabalhadores na ativa, cujo número será cada vez menor, sustentar a Previdência, poderá levar o telespectador a armadilha de se convencer da sua consistência e achar que o jeito é se aposentar com uma idade maior.
E essa é a empulhação. Onde está escrito que os recursos para a aposentadoria dos trabalhadores que doaram boa parte da sua vida para proporcionar a acumulação capitalista é de responsabilidade dos trabalhadores que estão na ativa?
E porque não pensar que essa responsabilidade seja assumida por todos os segmentos econômicos aos quais esse trabalhadores dedicaram a maioria dos anos de suas vidas produtivas para que acumulassem riqueza?
Seria muito bom, para o futuro da humanidade, que antes de se discutir como tirar dos trabalhadores mais direitos, os vários setores e especialmente governantes e legisladores pensassem em cobrar dos setores econômicos relações solidárias com a classe trabalhadores que, além de ser a responsável por transformar capital e insumos em mercadorias é também o grande motor da economia, ao usar seus salários para adquirir essas mercadorias e atender suas necessidades.
Plin Plin. A armadilha desses bobos será a grande empulhação dessa noite.
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