quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A História do Brasil da Tragédia à Farsa

Hoje é 31, o mês não é março, é agosto; o ano não é 1964, é 2016. Vivemos a primeira quadra do novo século. 
Quando cada Senador da República proferir logo mais, o seu voto sobre o impeachment da Presidenta Dilma, estará interferindo de forma radical na história do país. Dai a importância que tem para o futuro da Nação o seu gesto que não durará mais que 30 segundos.
Qualquer que seja a escolha, dias difíceis virão. O que balizará essa escolha será a ruptura ou não da ordem institucional. A cada um será dada a oportunidade de se colocar para a história como Auro de Moura Andrade que, na Presidência do Senado em 64,  declarou vaga a Presidência da República, ignorando os milhões de votos dados ao então Presidente João Goulart, o qual se encontrava no país ou como um Tancredo Neves, cuja oposição ao golpe de 64 entrou para a história por sua reação de indignação, com sucessivos gritos de canalha! canalha!canalha! diante da atitude de um Auro de Moura Andrade que,  com seu gesto, mergulhava a Nação no período mais sombrio da sua história.
Hoje, mais uma vez, a história do Brasil passa pelo Senado Federal.
Em 1964, as motivações das elites nacionais em nada diferenciavam das motivações atuais. Porém, com o mundo no auge da guerra fria, como ficou conhecida a disputa geopolítica entre Estados Unidos e a extinta Unidão Soviética, o debate ideológico se mostrou um excelente pretexto para envolver o Brasil no centro da geopolítica mundial e assim justificar o Golpe.
Os protagonistas daquele período, decerto não imaginavam o que viria a seguir. A história está ai pra contar, especialmente, os fatos mais recentes revelados, como os relatórios das comissões da verdade e os documentários realizados a partir do acesso aos arquivos secretos da época.
Agora já não existem pretextos para a ruptura da ordem institucional. A crise política?  A crise econômica ? Esses não se configuram motivos bastantes para afastar uma governante democraticamente eleita.
A maturidade política da sociedade só é conquistada quando se aprende com os erros e acertos das escolhas de representação e de protagonismo que a própria sociedade realiza.
Perverter essa lógica é interromper esse acúmulo de experiências e isso agride o princípio básico de qualquer regime democrático:
TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME DEVE SER EXERCIDO.
É se colocar em oposição aos amplos setores da sociedade que, mesmo não tendo convergência sobre as saídas para as crises, tem o protagonismo político de tal forma incorporado à sua cidadania que convergem num ponto, a saída de qualquer crise só se dá dentro da Constituição Federal.
Quando algum grupo político, por uma maioria circunstancial, rompe esse princípio, estará empurrando o país para um período de incerteza e insegurança.
E se essa maioria é formada por indivíduos que, devedores da Justiça, pactuam abertamente contra a normalidade constitucional para se livrarem da condenação, se para outros setores os objetivos estarão relacionados a ampliarem seus ganhos, abocanhando maiores parcelas dos fundos públicos, confiscando direitos das maiorias, e somado a tudo isso está, mais uma vez, os esquemas de conspiração que envolve o capital internacional e suas disputas por recursos naturais e poder, como em 1964, estará formado o caldo para o aprofundamento das crises política e econômica pela qual passa o Brasil. E com um agravante, as saídas a serem propostas não guardaram qualquer legitimidade com o resultado das urnas.
1964 foi a TRAGÉDIA. A sociedade civil submetida ao Estado pelo viés das armas que a sociedade confiou a uma parcela da população incumbida de zelar pela segurança do país, as Forças Armadas.
Hoje, o caminho a ser escolhido pelo Senado Federal poderá indicar para a Nação Brasileira uma solução que sinalize para a normalidade institucional, e a busca da pactuação necessária a superação da crise ou optar por romper a normalidade institucional, submetendo a sociedade ao arbítrio do Estado, agora já sem qualquer verniz ideológico de antanho, mas apenas para proteger bandidos, confiscar direitos e entregar nossas riquezas. Será então a FARSA, conduzida pelas mãos daqueles que receberam, através do voto, a responsabilidade de melhor representar os interesses da maioria do povo brasileiro.

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